quarta-feira, 30 de junho de 2010

Trabalhamos respiração e voz...

Com o corre corre da vida você simplesmente esquece como respirar direito.
O Kadú e Rinaldo já haviam me alertado pra necessidade de realizar um trabalho melhor com a respiração e voz, mas devo confessar que não coloquei o tema nas minhas prioridades, um erro! Erro que ficou "gritante" ontem... eu simplesmente não lembrava como respirar direito. Lima tentou ajudar-me durante as minhas tentativas, mas o professor Kadú solicitou a ajuda do professor Marcelo que me fez recordar o modo certo de respirar. Ambos poderiam ter me dado um bronca feia, afinal o ator precisa ser mais responsável, mas ao invés da bronca recebi uma atenção especial na sala ao lado. Calma e totalmente observada pelo professor fui aos poucos respirando corretamente enquanto estava deitada, mas encontrei dificuldade quando fiquei de pé. O professor Marcelo explicou tudo (mais uma vez) com muita calma e solicitou que este momento fosse colocado com prioridade uma vez por dia até que a coisa aconteça naturalmente. Os professores foram tão delicados que ficou impossível não atender a solicitação. Hoje mesmo quando acordei já ia levantar com tudo lembrei dos dois e retornei a cama para os exercícios.





Quando retornei a sala estavam todos buscando o tom mais agradável para cada canção. É muito estranho, embora sejam todos conhecidos ainda pinta a vergonha, pode uma coisa dessa? Vencida a vergonha também comecei a procurar o meu tom. Por enquanto vou ficar com o alto. Interpretar a canção não é fácil, mas durante uma das tentativas Lima e eu nos emocionamos. Não sei quanto a ela, mas a emoção que ela me trouxe não tinha nada com Gota, mas tudo com "Sobre a laje". Eu senti um vazio tão grande dentro dela, uma angustia, uma dor tão forte, era possível ver a lágrima retida no olhar seco e distante. Uma imagem perfeita pra cena que ela fará. Eu tentei não abraçá-la, mas foi mais forte do que eu. O olhar dela me pedia e eu como mãe não consegui ficar parada. A abracei! E ficamos lá abraçadas por um tempo. Ainda não falei com ela, por isso não sei no que exatamente ela pensava... Só mesmo no teatro pra dor ser bonita!
Quando fomos pra cenas. Sanzs, Lima, Leidy, Thalita e eu unimos as cenas ficou muito legal. Todas viveram momentos antes da separação. Eu optei por fazer a cena dela conversando com o ex-marido, afinal, Joana também disse "adeus". É sempre mais fácil falar do que ouvir.




Quero ser feliz!!!

Pelo jeito você vai permanecer atrás da porta... E eu não vou esperar. Não quero mais perder tempo. Quero dançar! Quero que este novo ritmo tome conta de mim! Quero voltar a viver! Ele tem tanto a aprender e eu tão a ensinar. Aprendi tantas coisas com você, sou grata por isso, mas eu preciso de muito mais. E agora que encontrei eu não posso perder tempo, não posso deixar passar! Eu não quero nem saber o que vão falar! E também não me importo com o que vou perder! Tudo isso que você me oferta, eu vou conquistar de novo, mas o que eu realmente quero você não pode mais me ofertar! Quero que meu coração aos pulos, quero perder a respiração com o cheiro dele, quero que meu corpo pegue fogo quando ele me tocar... eu vou ensinar a ele cada toque e o quanto de força precisa usar. Vou molda-lo pra mim. Ele será do jeito que eu sempre desejei. Vamos construir um mundo novo. Ele é tão mais novo... e eu estou me sentido assim... feito criança quando ganha um presente. Eu fui seu presente... agora quero o meu!...
Eu gostaria que esta conversa fosse olhos nos olhos, mas não posso obrigá-lo. Estou indo...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Gota d'água - Chico Buarque = Medéia - Eurípedes

Vezes sem número a mulher é temerosa,
Covarde para a luta e fraca para as armas;
Se, todavia, vê lesados os direitos
Do leito conjugal, ela se torna, então,
De todas as criaturas a mais sanguinária!
Eurípedes [Medéia]

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Palavra do dia? Tranqüilidade.

Trabalhamos o texto e as músicas.
Hoje com a colaboração de todos consegui fazer uma leitura bem melhor. É claro que não chegou nem perto do que o Kadú deseja, mas foi muito melhor. Na quarta espero ficar mais calma ainda. No começo da leitura, ainda muito insegura, busquei o "meu porto seguro" e ele consciente ou não do seu papel estava lá. Obrigada mais uma vez!
Ao fim da leitura agradeci em especial a Lima, sei o quando é difícil pra ela diminuir o ritmo. A Sanzs me passou algumas dicas pra relaxar durante a leitura. Depois que falamos do meu problema Sanzs, Lima e eu nos abraçamos. O abraço trouxe-me uma tranqüilidade... agora sei que posso contar com mais gente e não só com o Kadú. Isso é maravilhoso!!!! Sei que parece bobagem, mas fiquei e estou tão feliz por hoje que durante a roda de conversa eu quase não falei, respondi apenas o que me foi questionado.
Na próxima quarta precisamos criar uma relação entre as personagens e apresentarmos uma cena. Na hora eu pensei no primeiro encontro de Jasão e Joana... a Leidy também pensou a mesma coisa. Vamos aguardar até quarta!!!!



quarta-feira, 23 de junho de 2010

Uma oportunidade perdida

Hoje a aula foi tranqüila, diferente de segunda rimos muito.
O Kadú está trabalhando coordenação motora com a gente.
Tenho uma dificuldade do cão de contar passos. Sou condicionada ao ritmo que a música causa em mim e não aos passos que devo executar. rsrsrs 8 - 4 - 2 -1 é sério, é muito difícil! Mas depois de marcado eu pego no tranco ou no grito! srsrs
As cenas com o uso de manchetes de jornais foram bem legais. Gostei muito da forma que a Leidy apresentou a dela. Optei por misturar duas manchetes: "Morador pagará aluguel na favela do Gato (SP)" da Folha.com com o texto da do Correio da Manhã "Agitação comunista no Morro do Borel" de 24 de junho de 1954. Ambas falam dos problemas da habitação. Eu tinha separado uma com relação a esperança do pobre em alcançar alta sociedade através do futebol e do samba " A esperança no futebol".

" Samba e futebol são a salvação da lavoura. Duvido que exista outra maneira de fodido brasileiro arranjar lugar ao sol." Fala do Amorim pag.88

"Tem que produzir uma esperança de vez em quando pra coisa acalmar e poder, começar tudo de novo." Jasão pag 138

Depois das cenas, improvisações... foi quando perdi a oportunidade de ter uma outra experiência com Joana. A Sanzs estava em cena sozinha abandonada por Jasão (Rafael) e na hora pintou uma vontade de fazer o Jasão que ela (Joana) tanto espera ter de volta, comecei a entoar "Bem querer" mas ela não corespondeu e logo em seguida entrou Creonte (Thalita)... já não tinha mais clima. Kadú, é claro, reclamou: "Tem que perder este medo de errar!"
Bem feito! Perdi a oportunidade e ainda levei uma bronca. Mas estou melhorando...Chegará um dia que ele dirá: "Sai de cena Vanuzia!"
Depois das improvisações na conversa com o diretor a Sanzs danou a defender Joana! rsrsrs Chega a ser engraçado a forma como ela defende Joana (ela assumiu a personagem de verdade... medoooo)... infelizmente quando a conversa ia pegar fogo o nosso tempo terminou. Uma pena. Mas na próxima segunda tem mais.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A culpa não é minha, é da genética.

Dislexia
Definida como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração.
Continuada dificuldade na leitura e escrita;
Memória imediata prejudicada;
Dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua;
Dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomia);
Dificuldade com direita e esquerda;
Dificuldade em organização;


Temos um outro ritmo, não é uma escolha é um fator genético.
Sempre que tem a leitura do texto fico mais tensa que tudo na vida. A respiração muda totalmente, as mãos trêmulas, as letras dançando e a vontade de me jogar dentro de um buraco é enorme. Mas hoje foi pior... o elenco estava com toda a energia e a leitura deveria fluir da mesma forma. Deveria, já que, toda vez que chegava a minha vez eu travava em algum momento o que atrapalhou algumas pessoas. Sei que ninguém é obrigado a compreender esta minha dificuldade, e tento de verdade não atrapalhar, mas é mais forte do que eu... Diante do bendito engasgo ou palavra trocada logo ouço a "interpelação"... mais um motivo pra eu travar de vez. É um saco!!! Hoje cheguei a passar a vez pra não atrapalhar, mas não adiantou parou no: "- Então, vai você! - Não, vai você! Uma m... mesmo!
A minha sorte é que Kadú, atento que é, mais uma vez veio ao meu socorro, ficou ao meu lado enquanto eu lia a outra parte do texto. Li um pouco mais calma... ao lado dele tudo parece seguro.
Que droga! Aqui estou eu mais uma vez dando importância demais a uma coisa ruim!
Fiquem só com a imagem do Kadú ao meu lado enquanto eu lia, esqueçam todo o resto.

A aula foi maravilhosa! Mais uma vez trabalhamos com "laboratório de emoções". O foco foi o som, qual o som da personagem? Era preciso trazer este som para o corpo e depois pra voz através de uma palavra dita a alguém. Tive uma certa dificuldade em encontrar o som e mais ainda em transformá-lo numa palavra, mas a sensação é marcante... Joana emite o som, mas a palavra saí cortada, sufocada na verdade é como se Jasão a segurasse pela garganta e impedisse a pronúncia correta. É difícil não gritar! É difícil ser essa mulher submissa a ele. Mas faz parte do processo, vamos que vamos...

sábado, 19 de junho de 2010

Sentimentos da personagem

Hoje trabalhamos mais os sentimentos da personagem. Quais emoções estão mais afloradas? O que provoca estas emoções? E na possibilidade da personagem ser um animal. A busca do outro ficou pra depois.
O sentimento de solidão é muito grande e o estranho é que a existência dos filhos não muda isso, ao contrário despertam nela uma fúria... embora eu não concorde, o próprio texto explica: " ... E me encheram, e me incharam, e me abriram, me mamaram, me torceram, me estragaram, me partiram, me secaram, me deixaram pele e osso... ". Joana encontrou um momento de conforto com a Zaíra ( Amanda estou conseguindo jogar mais com ela isso é bem legal), embora eu não acredite que Joana procure isso nas vizinhas, mas toda experiência é valida.
Durante o exercício Jasão (Rafael orientado pelo Kadú) pediu pra voltar foi terrivelmente estranho. Ele falou olhando pra outra Joana (Leidy a quem algumas vezes visualizo com Alma)... Como ele podia ter essa coragem? Como ele podia afrontar Joana desta forma? Joana ficou revoltada, mas não reagiu... Preferiu seguir os conselhos de Mestre Egeu.
Ao fim do laboratório fomos pra cenas.
Não sei se a nossa proposta foi compreendida, mas apresentamos... o Rinaldo assumiu os papeis de Jasão, Boca e o do filho, foi algo simples. Usamos uma estrofe da música Angélica, olhos nos olhos e bom conselho. Gosto de trabalhar com o Rinaldo. Na minha cena individual tentei trabalhar um pouco a minha concentração e os "pensamentos involuntários" usei dois bancos e a figura imaginaria de Jasão, enquanto falava tentei focar o pensamento movimentando os bancos... controlar os pensamentos é muito difícil. rsrsrs Não cheguei nem perto do que eu desejava apresentar, tom da voz foi um pecado total, mas este é o momento de errar. Infelizmente eu não consegui falar da minha cena com o Kadú nem como mais ninguém. Vou ter que esperar pra segunda.
Na próxima quarta precisamos usar uma frase "politizada" do texto e uma reportagem real. Mais trabalho pela frente. Adoro tudo isso!!!!

Ah, vejo a Joana como uma cobra esperando o momento de dar o bote.



segunda-feira, 14 de junho de 2010

Uma canção de ninar

Hoje a aula foi cheia de esclarecimentos.
O primeiro exercício foi horrível pra mim, era preciso passar através de movimentos uma estrofe da música escolhida. Eu estava estourando de dor de cabeça (o que não justifica) não consegui realizar nenhuma seqüencia de movimentos. Mara e eu escolhemos a mesma música, olhos nos olhos, cantamos juntas a primeira estrofe no segundo exercício. Separados em dois grupos usamos a música Bem querer como base pra criação de uma cena, a principio sem cantarmos e depois cantando. Fica notório a dificuldade de executarmos movimentos seqüenciados em conjunto, mas nada que não possa ser resolvido. rsrsrs Usamos uma camisa com objeto de cena dando a ela uma grande importância, a base. Esse foi muito bacana, antes de apresentarmos a cena era preciso justificar. Foram apresentadas algumas cenas (solicitação de quarta-feira cena com alguma música) as demais ficarão pra quarta. Durante a roda ( momento em que conversamos sobre a aula) Kadú recomendou que eu mude de postura, que não use tanta força, que não chegue já lá em cima, que eu seja mais suave... já vou usar isso na minha próxima cena.
Ele conhece cada um de nós como ninguém... hoje ele falou dessa minha mania de fazer uma coisa enquanto estou pensando outra, da ansiedade que as vezes atrapalha a minha presença em cena... quando ele falou isso me deixou completamente nua. É a mais pura verdade! É bom ter a certeza que ele realmente cuida de cada um... Tenho ou não razões para amar este homem? Vou exercitar esta nova forma que ele me pediu. Na hora quando ele falou pensei na canção de ninar.
Pra fazer alguém dormir é necessário ser doce, suave... muito trabalho pela frente, mas vamos que vamos!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Hoje o dia foi perfeito.
A energia fluiu de uma forma que eu mesma não acreditei. Estavam todos compenetrados dentro da proposta, cada um buscando a essência da personagem e ao mesmo tempo buscavam o outro. Essa busca faz toda a diferença, no palco não somos um somos um conjunto. E quando esse conjunto toca a mesma melodia a platéia é tocada.
Adorei a surpresa do contato com o Cícero, ele jogou comigo eu senti a verdade do toque e do olhar, muito bom mesmo. Com o Wendell a coisa não fluiu muito, mas hoje ele não estava bem. Rinaldo é com certeza o meu porto seguro, ele sabe da minha necessidade de ter o outro por perto e ele sempre atende ao meu apelo. Como faltava a Alma precisei usar as outras Joanas como ponte pra esse momento. Embora no texto não exista o encontro das duas, acho importante essa imagem, já que o Boca com certeza contou cada detalhe. O Kadú tinha tirado a parte política, mas acho que agora ele trará algo... vou aguardar. Ah, ele também pediu pra gente enquanto ator e atriz analisar a questão dos dois lados. Eu não tive tempo de falar com ele, mas desta vez não farei isso... Com Camille eu analisei quase todas as personagens e em alguns momentos senti pena do Rodin, não quero que isso aconteça com Joana. Quero que ela tenha essa fúria guardada, quero que ela tenha essa certeza de que foi vitima (embora eu sinta um certo ódio pelas vitimas. rsrsrs)


Pra segunda é preciso criar uma cena em que a personagem cante uma das músicas do Chico Buarque, a cena de hoje ficou pra quarta.

Momentos felizes X momentos infelizes

Sonhei ontem com Di Renzo parecia tão real... na verdade foi real, já que o sonho foi apenas uma lembrança de um momento vivido. Por que esquecemos com facilidade as coisas boas e remoemos as coisas ruins? Por que eu esqueci este momento tão especial?
Di Rennzo entrou olhou pra mim, era um olhar diferente, não era um olhar de admiração era uma mistura de respeito com carinho. Na hora eu fique sem graça, sem entender o motivo dele ter parado ali diante de mim, calado. Acho até que ele não tinha me notado antes.
- O senhor deseja alguma coisa? perguntei quase num sussurro.
- Melhor agora? perguntou ele.
- Desculpe!? ( eu não estava doente)
- Você estava aflita ontem. Mais tranqüila hoje?
Claro ele estava falando da minha participação no Fecastre.
- Ah, sim... claro. Obrigada por perguntar. Eu estava nervosa por causa do cigarro, mas já foi.
- Você precisa relaxar mais, não precisa ter pressa... procure um diretor. E se quiser pode me procurar também. Parabéns.
- Muito obrigada.
- Vou escrever Frida no canário em sua homenagem.
- Estou honrada. Muito obrigada mesmo.
Eu homenageada por Di Renzo e esqueço disso, pode? Só eu mesma!!!
Como é que alguém esquece uma coisa dessa? Tudo bem, duvido que ele lembre de mim agora, mas este momento existiu na minha vida. E foi um momento importante, ai fica a idiota aqui lembrando sempre do : "você não tem talento, mas é esforçada." A merda com esta frase! A merda com este momento infeliz. Vou lembrar sempre do: Vou escrever Frida no canário em sua homenagem.", do "Ah, filha de uma mãe..." do meu querido Kadú ( segunda-feira passada), quero lembrar da senhora que me ofertou a pulseira em agradecimento a minha apresentação, vou lembrar do olhar das crianças da APAE, vou lembrar do olhar do Marcelo Passos quando atuamos pela primeira vez, vou lembrar do olhar da minha professora Lourdes culpada por eu amar a arte de representar, são momentos assim que importam de verdade.
Claro que as criticas são bem vindas, mas precisamos absorve-las para melhorarmos e não tomarmos isso como única verdade. Quando erramos ou não agradamos não significa que não somos bons, significa que não estávamos bem naquele momento, só isso. E isso não é o fim do mundo.
Se pra melhorar eu tiver que errar, então, que eu erre muito, muito mesmo...

Como um diamante a ser lapidado

É assim que me sinto sempre a cada novo processo. No começo eu sofria horrores, temia as mudanças, temia tudo que era novo, mas agora eu me permito. Sei que posso confiar plenamente nele, sei que agora estou livre... é verdade que ainda não estou 100%, mas estou disponível.




terça-feira, 8 de junho de 2010

Basta um dia - Chico Buarque

Pra mim
Basta um dia
Não mais que um dia
Um meio dia
Me dá
Só um dia
E eu faço desatar
A minha fantasia
Só um
Belo dia
Pois se jura, se esconjura
Se ama e se tortura
Se tritura, se atura e se cura
A dor
Na orgia
Da luz do dia
É só
O que eu pedia
Um dia pra aplacar
Minha agonia
Toda a sangria
Todo o veneno
De um pequeno dia

Só um
Santo dia
Pois se beija, se maltrata
Se come e se mata
Se arremata, se acata e se trata
A dor
Na orgia
Da luz do dia
É só
O que eu pedia, viu
Um dia pra aplacar
Minha agonia
Toda a sangria
Todo o veneno
De um pequeno dia

Gota d'água - Chico Buarque

Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta pro desfecho da festa
Por favor

Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota dágua

Bem querer Chico Buarque

Quando o meu bem querer me vir
Estou certa que há de vir atrás
Há de me seguir por todos
Todos, todos, todos os umbrais

E quando o seu bem querer mentir
Que não vai haver adeus jamais
Há de responder com juras
Juras, juras, juras imorais

E quando o meu bem querer sentir
Que o amor é coisa tão fugaz
Há de me abraçar com a garra
A garra, a garra, a garra dos mortais

E quando o seu bem querer pedir
Pra você ficar um pouco mais
Há que me afagar com a calma
A calma, a calma, a calma dos casais

E quando o meu bem querer ouvir
O meu coração bater demais
Há de me rasgar com a fúria
A fúria, a fúria, a fúria assim dos animais

E quando o seu bem querer dormir
Tome conta que ele sonhe em paz
Como alguém que lhe apagasse a luz
Vedasse a porta e abrisse o gás

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Hoje, 07 de junho começou o processo da montagem do espetáculo Gota D'água de Chico Buarque & Paulo Pontes com adaptação de Kadú Veríssimo, todos estão eufóricos.
Estou ansiosa pra saber quais serão as minhas falas, quais serão os momentos ou o momento da minha Joana tomar vida em cena... a forma da Joana estará presente durante todo o tempo assim como as demais personagens, mas quando? Qual será a frase que despertará a minha Joana? Mas o mais importante é que é nítido a vontade de todos os envolvidos, isso é com certeza o primeiro passo para um novo sucesso da Casa. Sinto uma energia boa, sinto que posso me entregar mais livremente de corpo e alma. Essa montagem será mais difícil do que a de Camille. Em Camille tínhamos muitas oscilações de momentos, já em Gota requer um certo "limite" nem mais nem menos, o meio é o ponto certo como explicou o Kadú.
A primeira leitura foi fria. Será que todas elas têm o mesmo medo que eu? Não quero me apossar desse ou daquele momento quero saborear Joana, quero viver cada momento, sem a menor pressa de sair de cena. Durante os exercícios foi fácil perceber o quanto ainda temos medo de sermos "humanos" e esta humanidade é um fator presente em Gota, mas com Kadú tudo é possível.
Pra quarta é preciso montar uma cena de no máximo 3 minutos já pensando na personagem... devo confessar que já pensei na cena, mas vou fugi dela... vou buscar alguma esquecida no texto original. Vou fazer isso para fugi desta minha mania "quase compulsiva" de pré-marcar todo o texto. Quero e preciso ficar livre pra todas as possibilidades que serão apresentadas pelo Kadú.
Quero e vou defender Joana como se ela fosse 100% correta, como se não tivesse falhas. Eu a quero plena em mim.


P.s. O que escrevo ou escreverei não tem a menor obrigação de fazer sentido, vou usar este espaço com um diário como páginas abertas.


"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."

Clarice Lispector

terça-feira, 1 de junho de 2010

Por menos que se faça para alcançar algo é sempre alguma coisa que nos leva ao nosso objetivo. Esperar uma oportunidade para iniciar ou continuar algo é imaginação sem valor.
Eu só queria aproveitar aquele momento... nada mais.

Mas quando percebi já era tarde... você ocupava um lugar que estava fechado, quase esquecido... Naquela noite eu chorei de tanto ri e dancei sem a menor preocupação com os outros, aliais, os outros não existiam. Existia somente a tua presença, o teu perfume impregnando a minha pele, o som da tua voz, do teu riso e este teu olhar que sem perceber me aprisionou. Ao fim da noite e começo de uma linda manhã eu não falei, não agradeci, apenas o abracei... Eu não dormi, revivi cada segundo das horas que passamos juntos, dos momentos de felicidade que você me proporcionou sem perceber ... Era tanta felicidade que não cabia em mim. Pela manhã gritei a minha felicidade pra primeira janela aberta, um erro fatal... Foi quando percebi que um pedaço de mim havia se perdido em você naquela noite. E desde então, a tua ausência se fez presente em mim e você nem percebeu que um pedaço de mim ficou em te.